Por que nós precisamos crescer?
Antes de criar a estratégia, de montar o time
ou de planejar o futuro, faça a si mesmo a seguinte pergunta: por que crescer?
Crescimento
gera valor. No entanto, quando há muito crescimento em pouco tempo, os
processos correm risco de serem ultrapassados , e a capacidade de gestão dos
líderes será posta em cheque. Existe um tempo certo para a expansão, pois a
forma como se cresce deve ser estruturada.
Isto
porque, quanto maior é a empresa, mais complexas se tornam as tarefas de
gerenciamento. À medida que o negócio se expande, você vai precisar de
tecnologias escaláveis capazes de acompanhar este crescimento, de mais
funcionários, de processos mais organizados, de maior controle financeiro e de
gestores experientes. Além disso, quanto mais a sua empresa cresce, mais ela
vai se expor à concorrência.
Pode até
parecer um questionamento óbvio, mas ele é necessário para que você tenha
clareza de onde quer estar, para então traçar o caminho mais seguro até lá.
Essa clareza da motivação também vai te ajudar a seguir em frente quando você
tiver motivos para estagnar ou andar de lado.
Como
nós deveríamos crescer?
Quando se
trata de expandir um negócio, existem muitas formas de fazê-lo. Mas você
precisa ter profundo conhecimento da sua operação para definir a estratégia que
realmente vá proporcionar o crescimento desejado.
Veja quais
são os modelos mais utilizados por empreendedores que buscam crescimento de
alto impacto, bem como suas vantagens e desvantagens:
1 – Abrir
outra unidade própria
Esta
costuma ser a primeira ideia que surge quando se trata de expandir. Já que toda
a receita gerada por uma unidade própria vai para o caixa da sua empresa, este
modelo costuma ser bastante lucrativo. É também uma forma segura de manter o
controle da sua expansão, uma vez que você estará no comando de todas as novas
operações.
No entanto,
considere que o trabalho crescerá na mesma medida e que o que está em jogo é a
imagem da sua marca. É comum que, nestes momentos, você se afaste um pouco da
essência que deu origem à sua empresa para se dedicar à expansão; mas, caso
isso se perca, os clientes – novos e antigos – notarão, e isso poderá ser
fatal.
Por isso, a
possibilidade precisa ser analisada com todo o cuidado. Eis algumas dicas para
te orientar nessa reflexão:
·
Certifique-se de que você esteja obtendo um lucro consistente e de que
os negócios tenham crescido de forma estável nos últimos anos;
·
Olhe para as tendências, tanto econômicas quanto de consumo, para
encontrar indicadores de que a sua companhia terá fôlego para crescer;
·
Prepare um plano de negócios integral para a nova unidade;
·
Escolha a localização com base no que é melhor para os negócios,
considerando fluxo de pessoas, público-alvo e potencial de impacto daquele
endereço.
·
No caso de sua empresa ter uma dependência com a tecnologia, garanta que
você trabalhará com um parceiro de TI capaz de facilitar essa expansão, de
forma suave e mantendo a qualidade e padronização dos processos do seu negócio
e otimizando a produtividade.
2 – Montar
um sistema de franquia
Transformar
sua empresa em uma rede de franquias consiste, essencialmente, em contar com
empreendedores que compartilham do seu sonho, dos seus objetivos. Trata-se de
um modelo de expansão que oferece muitas vantagens – sobretudo para os
empreendimentos de pequeno porte, que raramente têm condições de crescer apenas
com recursos próprios.
Rapidez,
gastos compartilhados e tranquilidade dão a tônica do modelo de franchising. A
agilidade e a economia saltam aos olhos. Com franqueados comprometidos e um bom
suporte oferecido pelo franqueador, dá para se realizar o sonho grande em bem
menos tempo do que com outros modelos.
Mas alguns
cuidados devem ser tomados:
·
A atenção dedicada a todo o processo deve ser total. Sobretudo quanto à
cultura organizacional, à qualidade dos produtos ou serviços oferecidos, ao
atendimento e, claro, à marca – que deve permanecer sempre a mesma,
transmitindo os mesmos valores onde quer que esteja.
·
Procure parceiros de infraestrutura e TI que facilitem esta expansão
compreendendo as necessidades tecnológicas do seu negócio, inclusive quanto à segurança
de dados das operações.
·
Planejamento é determinante para o sucesso. Transformar um negócio em
rede de franquias exige que você tenha metas muito bem estabelecidas, e que
trace com todo o cuidado os caminhos para atingi-las.
Não tem
caminho fácil. O sistema de franquias implica um sistema de gestão bem mais
trabalhoso. Lembre-se de que você estará exposto aos atos dos franqueados, o
que pode resultar em consideráveis dores de cabeça.
3 –
Realizar uma fusão ou uma aquisição
Uma forma
poderosa – e bastante utilizada – de se expandir um negócio é empreender uma
operação de M&A – Mergers and
Acquisitions, ou simplesmente Fusões e Aquisições. Este modelo
permite expandir seus negócios e o alcance deles utilizando-se do que outra
empresa já faz melhor, ou mesmo unindo esforços naquilo que ambas fazem bem.
Aqui vão
algumas dicas fundamentais para esse processo:
· Para que você
encontre um parceiro interessado em unir forças, é preciso, antes de mais nada,
que o mercado saiba que você está procurando. Ative sua rede de contatos e
demonstre o seu interesse;
· Você precisa saber
muito bem onde está se metendo. Como em um casamento: antes de casar, é preciso
passar pelas etapas de paquera, namoro e, somente então, matrimônio. Então,
além de buscar o parceiro certo e conquistá-lo, será preciso estruturar muito
bem os termos dessa relação para o futuro. Para fazer isso, não tenha dúvidas:
conte com um bom advogado.
· Conheça o valor da
sua empresa: se você tem uma empresa que está começando, terá mais dificuldades
para calcular o valor, por conta da falta de históricos numéricos e por ter um
produto/serviço ainda não consolidado.
4 –
Licenciar seu produto
Esta pode
ser uma forma efetiva e barata de promover a expansão da sua empresa. E uma boa
alternativa ao sistema de franquia, caso considere que o investimento ou o
trabalho não valham a pena.
Mas saiba
que o licenciamento é recomendado por especialistas à empresas que dispõem de
um serviço ou um produto já consolidados. Se esse é seu caso, talvez seja a
hora de adotar o modelo.
Ampliar a
presença na internet
A expansão
do seu negócio não precisa ser necessariamente física; ela pode muito bem se
dar virtualmente. Hoje, a web oferece uma infinidade de recursos para empresas
que desejam ir além de sites corporativos ou fan pages nas redes sociais para
manter o relacionamento com clientes.
As
ferramentas de e-commerce são um ótimo exemplo disso: as pessoas incorporaram o
hábito de consumir pela internet, e os empreendedores que traçam uma boa
estratégia para atuar nesse campo invariavelmente conquistam resultados
expressivos.
Quais
são os milestones do caminho?
Aqui, a
velocidade de crescimento pode ser inimiga da operação. Caso você cresça
rápido, não tem análise SWOT capaz de dar conta. Bruno Balbinot, empreendedor
da Ambar, passou por isso e compartilha uma metodologia que pode te ajudar a
identificar os marcos pelo caminho, planejando melhor o crescimento da empresa:
“Carrego
comigo, todos os dias, três folhas de papel em uma pastinha, que resumem tudo o
que queremos para a semana, o semestre e o futuro da empresa”. São elas:
1) Visão de
longo prazo
“O que
queremos realizar nos próximos anos, conquistas e marcos importantes. Nunca
defini o horizonte de tempo dessas mudanças, porque, na nossa perspectiva,
quanto antes realizarmos tudo, melhor. Algumas iniciativas já estão
acontecendo, outras estão previstas para o próximo ano. E assim vamos mudando
de patamar, sabendo aonde queremos chegar.”
2)
Objetivos estratégicos do semestre
“A cada
seis meses, propomos KPIs e entregas importantes para cada um dos quatro
pilares:
·
Finanças
·
Mercado
·
Tecnologia e Operações
·
Corporativo
Esta é a
folha de papel que mais visitamos. A metodologia é inspirada no Balanced
Scorecard (BSC), e foi adaptada para mantermos claras quais são as nossas
prioridades.”
3)
Orçamento
“Em uma
planilha de DRE, definimos todos os ganhos e custos previstos para o ano. Para
nós, o orçamento está escrito em pedra. Definiu uma vez, não mexe mais. O que
nós fazemos, então, é medir o desvio do planejado para o realizado. O orçamento
serve como uma orientação, mas sabemos que não é nele que vamos resolver o
problema. É na meta de vendas, que impacta a receita, por exemplo. Ou na
produtividade das fábricas, que mexe na linha de custos.”
Nós
temos estrutura para suportar o crescimento?
O chamado
“exercício dos 10x mais” ajuda a responder a essa questão, sobretudo no que diz
respeito aos gargalos que podem surgir pelo caminho. Consiste em uma pergunta
simples que você deve fazer às pessoas-chave do seu time:
“Se o nosso negócio crescer 10 vezes da noite para o dia, quais seriam
os seus gargalos para acompanhar esse crescimento?”
Por
exemplo, pergunte isso para o seu gerente de Customer Success, para o seu
gerente de produto e para o seu gerente de infraestrutura. “Você consegue
crescer 10x mais com a atual demanda de capital de giro?”, “Você consegue
crescer 10x mais o seu time de suporte?”, “Você consegue crescer 10x mais seus
recursos tecnológicos?”.
Não
estranhe se, nas primeiras vezes em que perguntar isso, você se deparar com
aquelas caras de “você está louco”. São exatamente estas expressões faciais que
lhe dizem que você fez a pergunta certa. Pela perspectiva de “gerenciamento de
escalabilidade” esta é a pergunta. E, ao buscar as respostas, você conseguirá
estruturar melhor o crescimento de acordo com cada área.
Quem
são as pessoas capazes de crescer com a gente? De que forma vamos prepará-las
para o que está por vir?
Em primeiro
lugar, é preciso preparar colaboradores para o crescimento. E isso implica,
acima de tudo, desenvolver a liderança deles — o que torna necessária a
realização de um diagnóstico organizacional.
Aqui, um
mentor, consultor ou profissional de fora podem ajudar muito. Isso porque o
diagnóstico acarretará entrevistas com todos os funcionários que tenham algum
grau de liderança, com os sócios e outras pessoas de diferentes áreas, cargos e
funções. As perguntas são as mesmas para todos eles. E, a partir dessa bateria
de conversas, será possível entender melhor o “modus operandi” da empresa: como
são as relações de poder, o estilo de liderança, a definição das estratégias, a
avaliação das pessoas e também quais os indicadores de sucesso do negócio.
Ao longo
desse processo, talvez você descubra que sua ingerência iniba o desenvolvimento
de lideranças na sua empresa. É comum que empreendedores “entrem” o tempo todo
nas decisões, o que diminui a autoridade de outros gestores. “Não adianta eu
querer fazer, porque o dono vai querer fazer do jeito dele”, pensam eles.
Lembre-se de que, como empreendedor, você não precisa ficar preso à operação.
Avaliação
para o ponto da virada
Outra
provocação necessária é que, em algum momento, você deverá dar um passo para
trás e refletir: “Quero seguir por essa estrada, mas não tenho a menor ideia se
essas pessoas vão conseguir cumprir esse caminho comigo, se vão dar conta de
seguir com a empresa um dia sem mim”.
Eis o ponto
de virada, quando você toma consciência de que precisa dar um novo salto na
gestão do negócio. E de que essa transição só depende de você. O time que veio
ao seu lado até aqui pode não ser o mesmo que vai levá-lo adiante
Esse é o
desafio número um dos empreendedores dispostos a profissionalizar o negócio. É
preciso revisar toda a estrutura do time, reavaliando o desempenho e
contribuição de cada um para o negócio, por meio de um mapa de potencial versus
performance. É preciso descobrir quem vai além.
A avaliação
precisa ser feita com base em metas atingidas e indicadores de desempenho, e
não mais por questões de afinidade, relacionamento pessoal, amizade ou tempo de
casa.
Quais
são os riscos se nós crescermos?
Crescer é,
sem dúvida, um processo doloroso. Mas existem dois desafios mais críticos, e é
a eles que você deve ficar totalmente atento:
Perder o
foco na cultura
À medida
que a empresa cresce, você passa a ser menos “dono” dela. Ao longo do processo
de expansão, a cultura organizacional inicial, formada a partir da missão e dos
valores do seu proprietário, vai sendo diluída por novas visões de mundo e de
negócios, vindas dos muitos funcionários contratados ou de gerentes e
coordenadores que antes não existiam em sua organização.
Faltar
capital e fôlego financeiro
Violenta
carga tributária, altos custos fixos e vendas (quase sempre) parceladas: a
realidade de empresas brasileiras não é fácil. São pouquíssimas as que
conseguem se sustentar no longo prazo apenas com capital de giro e lucro
líquido mensal. Para a imensa maioria, em algum momento é necessário buscar
financiamento em fontes externas.
O problema
é quando você busca empréstimos sem qualquer tipo de planejamento de longo
prazo. Para manter a margem de endividamento num patamar mínimo, você precisa
manter um rígido controle sobre o capital de giro, montante usado como reserva
financeira para momentos difíceis (não deve ser subtraído de forma deliberada).
É essencial ter um orçamento bem elaborado e que seja seguido com seriedade,
além de um planejamento estratégico atrelado à gestão de custos, que permita
que a empresa aproveite as oportunidades sem fazer loucuras.
Os
benefícios do crescimento superam os riscos?
Para
responder a essa pergunta final, convidamos você a conhecer a inspiradora
trajetória de duas empresas que crescem exponencialmente: Stone e Dr. Consulta.
Veja a
matéria original no
link: https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/checklist-as-perguntas-que-voce-deveria-fazer-para-se-preparar-para-o-crescimento/?utm_campaign=news_0110_-_checklist_de_crescimento_-_geral&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
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